A Verdadeira Felicidade
Autor: Eduardo Barbosa
Créditos
Livro dos Espíritos - Parte IV (cap. I e II)
O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. XVII)
Na sociedade que vivemos, se sairmos na rua e perguntarmos a outras pessoas quais são seus objetivos na vida, boa parte vai encher o peito e dizer "ser feliz". Mas no quê realmente consiste a felicidade do ser humano? Num mundo capitalista, e onde a condição financeira do ser humano o faz pensar que ele deve sobressair aos demais, a ideia de felicidade é completamente diferente do que ela realmente é.
O ser humano traz consigo, de outras encarnações, suas más tendências. Desde que foi criado, simples e ignorante, seu desafio é livrar-se delas. Como vivemos em um planeta ainda de expiações e provas, isso parece realmente ser difícil para nós. Quando falamos em felicidade, seres que estão no nosso estágio da evolução logo pensarão sobre a felicidade material, que nada mais é que uma fantasia que tenta esconder nossas aflições. Porém, sabemos que um dia essa fantasia acaba, e o que teremos aprendido até lá?
Como estamos cercados por tentações relacionadas às nossas más tendências o tempo todo aqui no plano terrestre, é muito fácil para nós abrirmos portas para novas obsessões, atrasando o aprimoramento espiritual do encarnado como dos desencarnados. Essas obsessões estão ligadas aos prazeres passageiros trazidos pela matéria. O ser humano quer ter a melhor casa, o melhor carro, as melhores roupas, as melhores viagens e sempre quer mostrar aos outros suas vantagens. Isto com certeza está ligado às influências que temos de espíritos desencarnados (mas não aconteceria se fizéssemos um esforço).
Desde a segunda metade do século passado, o capitalismo tem criado uma enorme propaganda de uma felicidade que nunca chega. Uma felicidade que estimula a competitividade em todas as escalas (entre indivíduos e até entre países) e que decerto, é uma felicidade inexistente. Isso tem criado, atualmente, seres humanos que querem viver isolados, que só se comunicam para mostrar que são melhores que os demais. Isso tem criado seres extremamente individualistas.
Outro exemplo desse problema são os abusos promovidos pelas pessoas como na época do carnaval, quando milhares de pessoas saem para as ruas e dizem estarem "aproveitando a vida", quando na verdade estão abusando de bebidas alcoólicas e sexo. O materialismo é, sem dúvidas, na atualidade, a maior chaga neste planeta e está ligado à todos os outros vícios humanos, uma vez que está diretamente relacionado com o nosso orgulho.
Por que orgulho? Porque o orgulho é aquele que nos impede de enxergar os nossos próprios defeitos. Nós somos ainda, muito habilidosos para julgar as pessoas e não reconhecermos nelas, nenhuma de suas vantagens. Mas ainda somos imaturos o suficiente para querermos apenas mostrar nossos pontos positivos e esconder todas as nossas mazelas.
Ter uma encarnação desperdiçada por causa do nosso materialismo é algo frustante para nosso espírito. Diante desse desafio, temos que propor uma reflexão a nós mesmos, ao longo desta encarnação. "Após nossos desencarne, o que teremos aprendido, isto é, em quais aspectos teremos melhorado nós mesmos?"
Felicidade e Infelicidade Relativas
No capítulo "Esperanças e Consolações: penas e gozos terrestres e futuros" de O Livro dos Espíritos, temos como o primeiro tema "Felicidade e Infelicidade Relativas". Nesta parte, temos algumas perguntas feitas aos espíritos que nos vêm esclarecer sobre o assunto.
Como conclusão do estudo sobre essas perguntas, sabemos que o homem não pode gozar de uma felicidade completa no plano terrestre, pois estamos num plano de expiações e provas. Porém ele pode ser tão feliz como o seu plano grosseiro suportar, se ele praticar as leis de Deus. O ser humano não deve ver como objetivo de sua atual encarnação a felicidade, pois ele deve saber que ele está aqui para uma rápida passagem, e deve saber como usufruir de suas posses.
O Homem tem que ter em consciência que tudo que foi dado a ele pode lhe ser tirado a qualquer momento, ele deve perceber que a fortuna é um instrumento que ele poderá usar de várias formas, sejam elas boas ou ruins. Ele deve ver em seus problemas e/ou situações difíceis verdadeiras oportunidades para seu aprimoramento moral. Temos que avaliar todas as nossas ações (sejam pequenas ou grandes) segundo a lei de ação e reação, pois tudo que plantarmos agora será consequência no futuro.
Os espíritos nos respondem que existe uma medida comum de felicidade para todos os homens (uma vez que ela é vista por diversos pontos de vista pelos encarnados). Esta consiste na posse do necessário (no que tange a vida material) e na consciência pura (vida espiritual).
Porém, o ser humano ainda não sabe responder a esta pergunta: o que é, de fato, a posse do necessário? Com o estudo de O Livro dos Espíritos, vemos claramente que existem vários pontos de vista, o que é necessário para alguém é supérfluo para outras pessoas e vice-versa. Se pegarmos um exemplo de um homem, que foi rico durante boa parte de sua atual encarnação e construiu um enorme império, mas que perdeu muitas de suas riquezas em um curto espaço de tempo, veremos a revolta dele. Para ele, isso é um absurdo. O problema é que ele (assim como muitos de nós) ainda está muito apegado aos bens materiais e isso o impede de ver que existem milhares de pessoas próximas dele que estão sem-teto, na miséria, sem uma boa educação, etc.
Passar na rua nos dias de hoje e ver mendigos nas praças de nossas cidades se tornou uma paisagem. Sim, uma paisagem! Nós olhamos e não fazemos nada para mudá-la.
Muitas pessoas se perguntam Deus beneficia várias pessoas (que parecem não merecer) com as riquezas materiais enquanto existem muitas outras sofrendo na miséria. Mas quem disse que ser rico é ter um benefício? Os espíritos nos esclarecem que a fortuna é uma prova mais perigosa que a miséria. Sim, porque sendo rico, você está sendo testado o tempo todo.
Ser rico pode ter suas vantagens, mas pode também ter muitas desvantagens. Ninguém é proibido de ser rico, a questão é como você deve administrar suas posses. Um bom exemplo de como as riquezas podem ser bem empregadas é de um grande empresário que emprega muitos trabalhadores, beneficiando muitas famílias, fazendo o dinheiro circular. Um mau exemplo do uso da riqueza poderia ser alguém muito rico, que prefere guardar tudo que tem somente para sua família, preso no seu próprio egoísmo.
Algo interessante que notamos na nossa sociedade é que as pessoas querem sempre mais. Estamos cheios de vontades. Compramos um carro novo, depois de alguns anos queremos outro. Compramos roupas caríssimas, mas depois de alguns meses queremos outras. O problema é que estamos criando necessidades para nós mesmos e com isso, criamos nossas próprias aflições. Queremos ter do bom e do melhor, mas não ligamos para as pessoas que tem menos que a gente.
Outro questionamento é: por que as classes sofredoras são maiores que as felizes? Essa ideia de que existem classes felizes pode ser descartada. O sofrimento está em toda parte. Ser rico é uma grande prova, e ser pobre, uma expiação.
Perfeição Moral
Para sermos verdadeiramente felizes, temos que primeiramente ter nossa consciência limpa. É nisso que consiste a felicidade. A humanidade consegue chegar a um ponto onde se encontra em perfeição relativa, e não a mesma do Criador. Como um guia para essa perfeição, temos em O Evangelho Segundo o Espiritismo os Caracteres do Homem de Bem. Esse é, sem dúvida, um grande modelo que todos devemos seguir.
Ausência do Perdão
O Reverendo Martin Luther King Jr. uma vez disse "Combater violência com violência multiplica a violência, adicionando mais escuridão a uma noite que já não tem estrelas".
Quando somos atacados, de qualquer forma, queremos sempre atacar de volta e mostrarmos que somos melhores. O problema é que fazemos isso sempre da maneira errada. O ser humano é agressivo e ao mesmo tempo se vitimiza por qualquer coisa que não o deixa feliz.
E por essa imaturidade, nós somos cegados pelo nosso orgulho, e nos perdemos pela ausência do perdão. Não há verdadeira felicidade, em nenhum momento, onde o rancor estiver. Devemos perdoar verdadeiramente. Este é um grande desafio para nós daqui em diante.
Contentar-se
No livro Estudando o Evangelho, de Martins Peralva, temos a lição Contentar-se, baseada no Paulo disse a Timóteo: "Tendo sustento e com o que nos vestir, estejamos contentes". Esta é uma ótima leitura que nos traz uma grande reflexão.
"A essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes."
Allan Kardec
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