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O Materialismo - Parte I

Retucci Jerônimo

De acordo com o Dicionário Aurélio, a palavra materialismo significa: “Sistema que sustenta que a matéria é a única realidade do universo, e que todas as atividades são realmente da matéria, não havendo substância imaterial. Considera a matéria como o motor do universo”.

Nas questões de nº 147/148, de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec faz uma abordagem interessante sobre o materialismo e suas presunções e, em suas considerações, ele nos diz que por uma aberração da inteligência há pessoas que não veem nos seres orgânicos nada mais que a ação da matéria, e a esta atribuem todos os nossos atos. Não veem no corpo humano senão a máquina elétrica; estudaram o mecanismo da vida e no funcionamento dos órgãos; viram-nos extinguir-se muitas vezes pela ruptura de um fio e nada mais perceberam além desse fio; procuraram descobrir o que restava e como não encontraram mais do que a matéria inerte e não viram a alma escapar-se e nem puderam pegá-la, então concluíram que tudo estava nas propriedades da matéria e que, portanto, após a morte o pensamento se reduz ao nada, mergulhando o ser humano em um abismo sem fim.


Porém, se esta triste consequência fosse real, qual seria então o sentido da pratica do bem durante a vida? Porque a busca pelo melhor, pelo amar ao próximo como a nós mesmos? Se assim o fosse, o homem estaria certo ao não pensar senão em si mesmo e ao colocar acima de tudo a satisfação dos prazeres materiais; os laços sociais estariam rompidos e os mais santos afetos destruídos para sempre. Uma sociedade que fosse fundada sobre as bases do materialismo traria em si mesma os germes da dissolução, e os seus membros se devorarem entre si como animais ferozes; mas quando é chegado o momento de sua partida, não são poucos os materialistas que não perguntam o que deles vai ser, porque a ideia de deixar a vida para cair no esquecimento eterno assusta. Quem poderá, com efeito, encarar com indiferença uma separação eterna de tudo e de todos o que ama?  Quem poderia ver, sem terror, abrir-se à sua frente o imenso abismo do nada, pronto a tragar para sempre todos os nossos momentos felizes, todas as nossas esperanças; o próprio bem que fizemos será esquecido e nada para compensar tudo isso, nenhuma perspectiva, a não ser a do corpo físico em decomposição.


Mas felizmente, essas ideias estão longe de ser generalizadas; não constituindo mais do que opiniões individuais. São pessoas tocadas de inteligência, porém frios no tocante ao Espírito, às vezes temendo o conhecimento espiritual, por lhe falarem mais alto o orgulho e a vaidade. E é ai que entra o papel da religião, nos ensinando que não pode ser assim e a razão o confirma. Porque o homem carrega instintivamente a convicção de que tudo não se acaba, para ele, com a vida; e é em vão que luta contra a ideia da vida futura, como uma criança que faz birra para não ir à escola, porem mais cedo ou mais tarde é chamada ao conhecimento da vida maior, porém e a existência futura, vaga e indefinida, é o que na maioria das vezes, dá margem ao materialista para indagações que satisfaça o seu ego; e é isso que, para muitos, engendra a dúvida, e a missão do Espiritismo é precisamente a de nos esclarecer sobre esse futuro, a de nos fazer, até certo ponto, vê-lo e tocá-lo, não mais pelo raciocínio, mas através dos fatos.

Graças às comunicações espíritas, isto não é mais uma presunção, uma fantasia ou algo sobrenatural, porque são os próprios seres de além-túmulo que nos vêm contar a sua situação, dizer-nos o que fazem, permitem-nos assistir, por assim dizer, a todas as peripécias da sua nova vida e por esse meio nos mostram a sorte inevitável que nos está reservada, segundo os nossos méritos ou os nossos débitos.

Cabe-nos ressaltar que o Espiritismo marcha ao lado do materialismo, no campo da matéria. Mas como assim? Não são doutrinas opostas? Em absoluto. O Espiritismo admite tudo o que o segundo admite; mas, avança para além do ponto onde este último para. O Espiritismo e o materialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a certa distância, diz um: "Não posso ir mais longe." O outro prossegue e descobre um novo mundo. Por que, então, há de o primeiro dizer que o segundo é louco, somente porque, entrevendo novos horizontes, se decide a transpor os limites onde ao outro convém deter-se?  Também Cristóvão Colombo não foi tachado de louco, porque acreditava na existência de um mundo, para lá do  oceano? Quantos a História não conta desses loucos sublimes, que hão feito que a Humanidade avançasse e aos quais se tecem coroas, depois de se lhes houverem atirado lama?

Pois bem! O Espiritismo, “a loucura do século dezenove”, segundo os que se obstinam em permanecer na margem terrena, nos patenteia todo um mundo, mundo bem mais importante para o homem, do que a América, porquanto nem todos os homens vão à América, ao passo que todos, sem exceção de nenhum, vão ao mundo dos Espíritos, fazendo incessantes travessias de um para o outro, e quem já despertou para a existência da alma, confirmada pela fé, não pode ser atingido pelas influências do materialismo cego e vaidoso, porque já obtém a luz do conhecimento e com isso, deixa que Deus confirme-se em seu coração pela presença do Cristo e vive com a consciência inundada de alegria e o coração irradiando amor.

Créditos:
POSITIVO, Grupo. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. Araras-SP, IDE, ed. 182ª, 2009.
GREGÓRIO, S. Materialismo Dialético e Espiritismo. São Paulo, 2004.
LIVRO “ESTANTE DA VIDA” – psicografia de Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espirito “Irmão
X” – Uberaba, 1969.







O Materialismo - Parte I Reviewed by Unknown on 20:50 Rating: 5

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