Atendimento Fraterno: o jovem pode!
Autor: Rodrigo Scalfo
A casa
espírita, hoje, adquire um cunho social que vai além do assistencialismo para
encontrar as bases redentoras da caridade do Cristo, que fraternalmente nos
legou os exemplos mais puros e sinceros de amor para que pudéssemos, assim,
tornarmo-nos irmãos. Nesse processo, o movimento jovem dentro do Espiritismo
representa a força da comunhão sincera e prazerosa de trocas fluídicas de
grande amizade. Entretanto, quando falamos em atendimento fraterno, parece que
o assunto não encontra aderência, não só na mocidade espírita, mas também entre
aqueles que estão a cargo de importante tarefa na casa.
Nesse sentido,
atentamos para a responsabilidade do atendente, quem estabelecerá o contato
direto com a pessoa a ser ajudada, conduzindo a entrevista. Ele precisa de
seriedade, disciplina e preparo para a tarefa de conferir equilíbrio espiritual
ao irmão em aflição. Divaldo Pereira Franco, conhecido orador e propagador da
doutrina espírita, junto com o espírito Manoel Philomeno de Miranda, esclarecem
sobre o tema e apresentam alguns pontos que o atendente, ou entrevistador, deve
ter como característica para que um bom atendimento possa ser realizado. Um
deles é ter boa moral, que além de estar ligada à prática da prece, para o
fortalecimento de si próprio, também se refere a ter o interesse fraternal
pelas pessoas, gostar de se relacionar e estar em sociedade, ter equilíbrio
moral, e saber ajudar-se, ter maturidade. O conhecimento sobre a doutrina é fundamental,
principalmente no que diz respeito à codificação, pois foi a partir da
compilação de Kardec que o Espiritismo tomou forma. Além disso, valer-se apenas
do empirismo pode levar a práticas e direcionamentos errôneos e causar a
intensificação dos distúrbios que as pessoas já apresentam. Outra
característica importante é ter bom tato psicológico. Divaldo P. Franco diz que
as pessoas têm necessidade de falar, e na falta de respostas para seus
problemas elas prescindem de alguém que as ouçam apenas. Nesse sentido, o tato
psicológico por parte do atendente possibilita essa oportunidade para que a
pessoa liberte-se do conflito, ouvindo-a com cautela e tolerância.
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Outro dia, eu
com meus vinte e poucos anos, fui à determinada casa espírita para renovar
minhas energias através do passe que ali naquele posto de socorro é oferecido
todas as tardes. Em certo momento, percebi que uma senhora fora chamada de
nossa conversa, pois prescindiam de sua ajuda para a realização de um
atendimento. Como a curiosidade me tomava, perguntei-lhe antes que saísse, o
que era e em que consistia tal atendimento. Ela sorriu e disse, entre outras
palavras, que era uma conversa com o objetivo de ajudar na resolução dos
conflitos das pessoas que buscavam ajuda. E olhando para mim, ainda sustentando
um riso, disse que eram apenas aqueles conflitos de grande ordem, e não “coisas
de jovens, como brigas com a namorada”. A responsabilidade do atendente será
abordada mais abaixo.
O atendimento
fraterno, junto ao arcabouço de atividades da casa espírita, é recurso de
intensas possibilidades no sentido de prover o alento de que precisamos. O
atendimento fraterno constitui-se em receber bem as pessoas que buscam alívio
para seus problemas, orientar com segurança, esclarecendo o indivíduo de acordo
com a doutrina espírita, para, a partir disso, provocar-lhe o redirecionamento
de suas ideias.
Essa deve ser
uma prática de amor ao próximo, vontade sincera de ajudá-lo. Mas para atender àqueles
que precisam de auxílio é necessário que se tenha em mente que apenas a boa
vontade não é suficiente para os trabalhos na obra renovadora de Jesus. Assim
como em qualquer coisa que façamos, qualquer que seja nossa profissão,
precisamos de preparo e capacitação para exercê-la, o que obtemos através de
estudo e disciplina. É certo que o trabalho edificante demanda doação e ímpeto
para o bem do próximo, mas deve estar aliado ao conhecimento e a ação,
prerrogativa do próprio Espiritismo, uma vez que atribui o processo incessante
de evolução do ser, tanto ao desenvolvimento moral, quanto ao intelectual, como
se fôssemos trabalhando a construção de dois pilares que devem ser erguidos
juntos.

O atendente,
dessa maneira, tem papel fundamental através de sua conduta de retidão, até
mesmo para estabelecer confiança com o assistido, mas tais características vão
além, porque devemos nos lembrar de que somos apenas instrumentos para o
trabalho maior e é através do nosso equilíbrio que poderemos estar mais
próximos e receptivos à influência dos benfeitores da espiritualidade para um
melhor atendimento em sua totalidade.
Jesus não
carregava o fardo das pessoas, mas as ensinava a conduzir suas dificuldades. É
importante salientar que o atendimento fraterno deve levar o indivíduo à
compreensão de si mesmo, e não a respostas ou receitas prontas que irão
solucionar todos os seus conflitos. Por isso, é imperioso o discernimento para
conduzir o atendimento de modo que o atendente não se deixe conduzir ou ser
induzido pelo atendido. Ouvir os problemas que aquele irmão quer compartilhar,
com tolerância, não quer dizer concordar com o erro, mas compreender. Divaldo
P. Franco assevera que “O Atendimento Fraterno não é um confessionário. Como o
próprio nome diz, é um encontro no qual se atende fraternalmente àquele que tem
qualquer tipo de carência. Com tato psicológico pode-se desviar, no momento
oportuno, uma questão que seja inconveniente (...)”.
De acordo com
cada caso, orienta-se o indivíduo a reuniões públicas da casa ou a leitura de
obras espíritas, por exemplo. Se necessário, recorre-se a atividades mediúnicas
da casa. Geralmente, das orientações segue-se o tratamento através dos passes e
da água “fluidificada”, considerando os devidos retornos que a pessoa deve
fazer para dar continuidade ao trabalho de fortalecimento e gradativa mudança
de percepção rumo à reforma de conduta. Apresentar as atividades da casa, como
reuniões públicas, cursos sobre a doutrina, bem como oportunidade de trabalhos
para a prática da caridade, é salutar, entretanto não devemos impor o
Espiritismo aos que buscam conforto em seus braços, senão mostrar-lhes que são
bem-vindos em quaisquer oportunidades.
A esse ponto,
chamo a atenção para um detalhe: é claro que o preparo e discernimento, aliados
a maturidade e autocontrole são primordiais para o atendimento fraterno.
Porém, o que o jovem espírita pode fazer então quando aqueles que estão em
aflito o procuram?
É simples:
podem prestar um atendimento fraterno, oferecer sua atenção para o que, muitas
vezes, é um desabafo. A juventude que ora nos brinda, não é sinônimo de
inexperiência ou motivo de subestimação, é necessário o estudo e disciplina em
todas as etapas, físicas ou espirituais. As virtudes são conquistadas de acordo
com os passos que damos, com o comprometimento que temos com a prática da
caridade, com as obras em que efetivamente trabalhamos. Mas também é importante
ter a consciência das limitações do atual grau de conhecimento a cerca da
doutrina e do próprio comportamento humano. Assim, podemos ouvir o amigo com o
carinho e a tolerância que Manoel Philomeno de Miranda nos pede e, com
discernimento, convidá-lo ao atendimento mais abrangente da casa espírita, onde
estaremos sob o auspício da espiritualidade maior que poderá conduzir a melhor
ajuda de que necessita.
Créditos:
Federação Espírita do Paraná. Como fazer: Atendimento
Fraterno. 1999. Acesso em 20/02/2013. Disponível aqui.
Franco, Divaldo P. Atendimento Fraterno. 2013. Pelo
espírito Manoel Philomeno de Miranda. Disponível aqui.
Simoes, Vanda. Atendimento Fraterno. 2013. Disponível aqui.
Atendimento Fraterno: o jovem pode!
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